Essa porra de poesia
Presente no estranho
na dúvida
no delírio
no calor
Essa porra de poesia
soterrada
deitada no corredor do hospital
queimada na madrugada
na sacola cheia de restos da feira
no córrego onde nadam ratazanas
Essa poesia sangrante
Não se escreve na escola
Porque lá tá sem lousa, giz, professor
Ela se bebe por menos que um real
Para o tio bater nos filhos sem pesar, sem pensar
Essa porra de poesia
Não dá presente de natal
Apesar de algumas luzes brilharem na viela
E surpreendentemente não serem balas que avoam
Nem isqueiros beijando latas de refrigerante
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