Foi dia 31 de dezembro de 1961 que te compreendi
Jorge de Lima
enquanto eu caminhava pelas praças agitadas pela
melancolia presente na minha memória devorada
pelo azul
eu soube decifrar os teus jogos noturnos
indisfarçavel entre as flores
uníssonos em tua cabeça de prata e plantas ampliadas
como teus olhos crescem na paisagem Jorge de Lima e
como tua boca palpita nos boulevards oxidados
pela névoa
uma constelação de cinza esboroa-se na contemplação
inconsútil de tua túnica
e um milhão de vagalumes trazendo estranhas tatuagens
no ventre se despedaçam contra os ninhos da
Eternidade
é neste momento de fermento e agonia que te invoco
grande alucinado querido e estranho professor do
Caos sabendo que teu nome deve estar como um
talismã nos lábios de todos os meninos