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Poesia de segunda

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Pesa nos olhos de chumbo das cinco da manhã
Entra pela janela trazendo um alívio para o aperto
Escorre pelo suor desdentado
Correu com ele para não perder o bumba
Brilha na coxa da menina grávida
Opaca na sujeira da sua mini-saia
Cheira a nonsense na revista de fofocas da doméstica
Desenha o desprezo de praxe e passa por baixo
Flutua no grito do grupo da marmita
Atravessa a cidade – ainda é o primeiro dos cinco, seis dias
Solavanca nos buracos paridos em cada madruga
Vacila no cádaver adolescente exposto na avenida
Esterilizada
Nos saraus dos herdeiros
Horas atrás Comprada por cinquenta contos
Na livraria chique dos jardins
Esterilizada
Usurpada
Maquiada

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