Provavelmente nunca mais verei
a moenda de meus dias,
com a vontade de meus olhos.
Talvez por ter no dorso
as dívidas de um mundo chorando,
ou por mimar demais
a complexidade da vida.
Por isso o que trago
é a gasta escova de dentes,
arrobas de caminhos
e sentado aos trilhos
um vagão de carga cheio de crimes.
Próximo aos ossos
como banco de passageiro
o acontecer do tempo,
a esconder por trás das costas
um menino arrogante
e sua velha bicicleta de pneus furados.
E ao realmente eu
já não sei se importa
o passado a me comer vivo,
as “pessoas boas em farrapos
(dando o melhor de si pela vida),
o bem e o satisfatório,
Lenon ou Lênin.
Agora que já conheço a verdade sobre mim,
e meu demônio de vergonhas ociosas
apenas mendigo um confortável apetite
de morrer com meu próprio sorriso no rosto.
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