Como Gorki e Victor Hugo, conheceu desde a infância a miséria, a injustiça, a maldade. Delas fez o tema constante em toda a sua obra, a exemplo daqueles célebres escritores. Lírico,individualista, fecunda imaginação, Knut Hamsun foi, entretanto, a imagem do paradoxo. Espécie de anarquista literário, falava como arauto de uma volta da humanidade à natureza bruta, em reação ao espírito bélico dos homens. Ao mesmo tempo, desenvolveu a tese de que a natureza se opunha à cultura. Posteriormente com suas radicais concepções sobre a sociedade moderna, acabou por aderir às idéias nazistas.
Norueguês, Knut Pedersen Hamsun nasceu em Lon, no vale do Gudbrandsdal, em 1809. Foi educado por um tio, austero pastor protestante nas frias ilhas de Lofoten, no oceano Ártico: convivência traumatizante que lhe inspiraria forte revolta contra as pessoas idosas, retratada mais tarde no romance O fantasma, de 1918.
Livre do tio e separado definitivamente da família, trabalhou como carvoeiro, mestre-escola, jornaleiro, vendedor ambulante, aprendiz de marceneiro e sapateiro. A carreira de escritor começou nessa época, igualmente de maneira estranha. Escreveu seu primeiro romance aos dezoito anos: O enigmático. Aos dezenove, publicou um livro de poemas, O adeus (1878).
Tentou ingressar em uma faculdade, não o conseguindo. Viajou para os Estados Unidos, como correspondente de um jornal norueguês chamado “Verdens Gang”. Fracassou. Sem meios materiais de permanecer na América, retornou definitivamente à Noruega, a bordo de um pesqueiro russo.
A partir de então, deslancharia sua produção literária. Ao retornar, publicou A vida espiritual da América. Dois anos depois, em 1890, lançou sua obra-prima, Fome, romance que influenciou sobremaneira todas as tendências da literatura do início do século XX.
Opositor ferrenho dos realistas, Hamsun atacou com veemência a corrente que nascia na França com Guy de Maupassant e Émile Zola em seu artigo A Noruega literária publicado em 1893 na “Revista das Revistas”, de Paris.
De suas viagens à Rússia, Pérsia e Turquia, no fim do século, escreveu Um pais de sonho, publicado em 1903. A seguir vieram Sobre a estrela de outono e Um vagabundo toca em surdina. Sobre sua visão da natureza, publicou, entre outros, O ultimo capítulo, Os vagabundos, Augusto e A vida continua. O prémio Nobel de literatura veio em 1920 com Os frutos do mar quando contava sessenta e um anos de idade.
Profundo analista psicológico dos caracteres mais mórbidos do ser humano, fanático pelas minúcias estilísticas, Knut Hamsun registrou e lamentou a miséria dos homens, mas não se aliou a eles na luta por um mundo mais justo. Rico e famoso, aceitou o cargo de delegado pro-Alemanha no congresso de jornalistas realizado em Viena em 1943, e permaneceu fiel aos nazistas até o fim da guerra. Apôs a queda de Hitler, foi condenado por seu próprio povo, teve seus bens confiscados. Ainda encontrou forças para publicar Pelos atalhos fechados três anos antes de morrer, em 1952, na cidade de Grimstad.
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