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O papel da arte na sociedade

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Alcoólica

Basta olhar para a realidade à nossa frente e temos que convir que o homem se reduz a um objeto fechado, limitado a vínculos e influências que quase sempre consistem em alcançar o prático, o objetivo, transformando culturas, costumes e relações em atividades meramente lucrativas e dominantes.

Toda essa realidade coloca o homem e suas possibilidades em uma condição de incapacidade para perceber emoções, conceitos estéticos e sentimentos provenientes de nossas relações com o cotidiano e com a natureza física e sobrenatural a que estamos sujeitos, bloqueando a capacidade de organização criativa e o desenvolvimento de experiências influenciadas pela realidade.

Boa parte das relações sociais são estruturadas em conceitos complementares e invariáveis sem que sejam questionados ou analisados seus aspectos contrastantes, se limitando a valores absolutos e formatos do mundo contemporâneo, sempre preocupado com seus problemas modernos sem solução onde as relações humanas apresentam-se de maneira extremamente fechadas.

Tais conceitos incrustados no imaginário popular agem como um teatro de um sistema cultural e social em que vem à tona um mínimo de material criativo e apagam-se lembranças e memórias que viriam a constituir um novo presente de idéias construtivas. Esse ato de dominar a realidade e estabelecer atitudes de formação ideológica e cultural cria uma distância entre objeto e arte, impedindo a visão subjetiva do estético, do belo e sepultando o grande motivo da arte, que é o sentimento e a reflexão, aliados a técnica.

Encontramo-nos num momento perigoso e real onde há um movimento de alteração e transformação de valores de ordem artística, social e política onde a questão primordial é a degradação e o domínio cego do homem e de suas emoções sob justificativas sem nenhuma definição, lógica ou sentido, beirando o irracional. E a quem atribuímos tal desagravo? Aos governantes, meios de comunicação, família ou talvez o universo globalizado? Tais instituições e circunstâncias não manifestariam atitudes degradativas se não pelas teorias defeituosas de pessoas sem qualquer respeito pela cultura e seus valores emocionais, preocupadas apenas com seus valores autônomos e de consumo.

O desenvolvimento da tecnologia eletrônica invadiu nosso cotidiano com uma gama de informações muito grande e diversificada porém, não sabemos disponibilizar isso de forma homogênea e ordenada, então nos atiramos a velocidade e a massificação imposta pela modernidade, tornando-nos a cada dia mais seduzidos e escravizados pelo ambiente industrializado da mídia e do marketing que torna a linguagem ou qualquer coisa que projetem na sociedade um mero objeto de consumo. A tecnologia não é o centro do processo cultural e artístico, mas sim o veículo que deveria direcionar e estimular com uma postura crítica e criativa a curiosidade do homem.

A arte e o passado cultural se vêem fadados ao colapso para dar lugar a uma cultura de consumo que não enxerga o abismo a seus pés e cada vez mais se afasta da emoção e da criatividade mergulhando na fantasia vertiginosa imposta pelos sistemas social, econômico e cultural deteriorando os valores do ser humano por propósitos meramente financeiros, dominadores e destrutivos.

Essas são questões em que faz-se necessário repensar e questionar as circunstâncias com que são abordados os diversos modos de realidade, o consumo humano e a liberdade para a reflexão, associando as práticas cotidianas ao processo de desenvolvimento e humanização da cultura. Desta forma cabe a sociedade num todo, mobilizar ações que venham a criar consciência e valorização aos propósitos artísticos de real substâncias e conteúdo, respeitando os limites da postura e do procedimento do valor cultural, valendo-se para isso da memória histórica da arte.

Os artistas de um modo geral, embora permaneçam assustados diante das expressivas ferramentas do sistema massificado, sabem que é notória a destruição das bases do processo criativo e que é preciso encontrar soluções que viabilizem a revolução da arte nos vários campos de atividade humana.

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