The new place
pessoas passam enquanto datilografo
principalmente mulheres
e eu sentado de cuecas
sem sutiã)
e ao passar elas
não sabem se estou inteiramente
nu. então
pego esses rostos
que fingem não ver
nada
mas acho que vêem:
eles me vêem enquanto
expurgo o poema como se surrasse
um porco feio até a morte
enquanto o Sol começa a se pôr no
Sunset Blvd.
por trás do letreiro do motel
onde a gente trabalhadora de
Arkansas e Iowa
paga caro para dormir e
sonhar com estrelas cadentes.
Something for the touts, the nuns, the grocery clerks and you
…os dias dos
chefes, homens covardes
com mau hálito e pezões, homens
que parecem sapos, hienas, homens que andam
como se não houvesse o ritmo, homens
que pensam ser inteligente contratar e despedir e
lucrar, homens que possuem esposas gastadeiras
como possuem 60 acres a serem semeados
ou exibidos ou defendidos dos
incompetentes, homens que o matariam
porque são loucos e explicam que
é a lei, homens que ficam de frente para
janelas de 10 metros e não vêem nada,
homens com iates luxuosos que podem navegar
mundo afora e ainda assim não sair de seu
mundinho, homens que são como caracóis, como enguias, como
lesmas, e ainda piores…
e nada garante seu último salário
no porto, na fábrica, no hospital, na
indústria de aviões, na galeria barata, na
barbearia, no emprego que você não queria
mesmo.
imposto de renda, doença, servidão, braços
quebrados, cabeças quebradas -todo o estofo
à mostra como em um travesseiro velho.
A New War
e pensar que, depois que eu me for,
haverá mais dias para os outros, outros dias,
outras noites.
cães andando, árvores balançando
ao vento
não deixarei tanto.
algo para ler, talvez.
um rebelde na estrada
devastada
Paris às escuras
one for the shoeshine man
se você me vir sorrindo
no meu fusca azul
caçando uma luz vermelha
guiando direto pro o Sol
estarei preso nas
garras de uma
vida louca.
(…)
Quando minhas mãos pálidas
deixarem cair a última caneta
em um quarto barato
eles vão me achar lá
e nunca saberão
meu nome
minha intenção
nem o valor
da minha fuga.