Nada de libações, Pedro Juan, disse para mim mesmo. Aí me dei conta de que eu era um mendigo de merda. Um pedinte asqueroso, sujo, com barba de dois dias. Estava sem sapatos e sem camisa, andando ainda meio bêbado, quase inconsciente. Podia pedir esmola e comprar alguma coisa de comer. Depois resolvia que droga eu ia fazer para voltar para o meu quarto e agarrar a Cusa pelo pescoço e acabar com a raça dela. Porque você me deixou ali caído, sua filha da puta? haveria de perguntar-lhe, só que entre bofetões. Gosto de dar uns bons sopapos nas mulheres, quando elas merecem. E vou comer a Cusa desse jeito. Dando bofetões na cara dela. Bem ardidos, bem doídos, vou encher a cara dela de bolacha e quando meu pau ficar duro, meto nela. Ahh, que bom. E a velha vai dizer:”Pare de me bater, mas ponha tudo, até o talo, papi gostoso. Pare de me bater, porra!”. E na hora começa a ter orgasmos e a gritar e a ofegar com cada jato de porra. Ah, como vou gozar com aquela velha peituda.
Estendi a mão e comecei a pedir a todos os que passavam por mim. Mal balbuciava alguma coisa. Para pedir esmolas não se pode falar com clareza, nem argumentar, nem nada. Você é um animal miserável, um micróbio pedindo umas moedas pelo amor de Deus. Um pesteado.
de O Rei de Suja de Havana
Companhia das letras, 2001