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Ginsberg – Notas autobiográficas

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Allen Ginsberg - sub.test

Allen Ginsberg nasceu a 03 de junho de 1926, em Paterson, Nova Jersey. Sua autobiografia:

“Escola em Paterson até os 17 anos, depois Universiade de Columbia, donde foi expulso, marinha mercante,Texas e Denver, datilógrafo, Times Square, amigos na prisão, lavador de pratos, revisor, cidade do México, pesquisa de mercado, Satori no Harlem, Yucatan e Chiapas 1954, tr6es anos na costa Oeste. Viagem ao Ártico, Tanger, Veneza, Amsterdan, Paris, leituras em Oxford, Harvard, Columbia, Chicago – corta – Kaddish 1959, mergulhos eventuais no Oriente, etc, etc…”

Nos anos 60, Ginsberg participou ativamente do movimento contracultural e das passeatas em protesto contra a guerra do Vietnã – em 1967 esteve à frenta da grande marcha sobre o Pentágono e no ano seguinte envolveu-se no confronto com a polícia em Chicago. No início dos anos 70, Ginsberg se transformou num os líderes do movimento anti-nuclear. Em 1982 esteve em Manágua, Nicarágua, assinando uma declaração contra a intervenção americana na América Central. No mesmo ano, participou de concertos e do LP Combat Rock, do grupo The Clash. Allen Ginsberg morreu em abril de 1997, em Nova York.

Drogas

“Podemos ter liberação gay dos opressores machistas. então podemos ter libertação junkie dos opressores machistas da Máfia, CIA. AMA (American Medical Association) .opressão que pune ao invés de tratar os viciados. Deveria haver uma Frente de Libertação Junkie. Os viciados em droga são o grupo mais oprimido do país. no sentido de serem caçados como cães por gente armada. Vivem sob a permanente ameaça da cadeia. São doentes. Têm uma doença legítima. e não recebem o tratamento médico legítimo. Ao contrário. ficam nas mãos dos mais corruptos policiais dos Estados Unidos -os narcs. que têm profundas relações com a Máfia e com os traficantes -como foi provado por várias pesquisas oficiais documentadas. Nenhum outro grupo na América sofreu distorção igual de sua imagem. Jamais houve categoria mais baixa que a dos viciados em heroína. São fichados como maníacos. Ora. ninguém chama os alcoólatras de maníacos. Além disso. são caluniados. Acusam-Ihes de constituir uma classe criminosa. de serem assassinos em potencial. violentos latentes. etc. Os alcoólatras é que perdern o controle. não os junkies.”(Allen Ginsberg em entrevista a Allan Young do jornal Gay Sunshine)

Dinheiro

“Tente romper os hábitos dos executivos viciados na santíssima trindade dinheiro-propriedade-poder e eles passarão a agir como junkies – mentirão, roubarão,gritarão,ao invés de derrubar florestas,arrasar colinas, vender o chão abaixo de pés que ainda não nasceram.”(em entrevista à Playboy, em 1967)

Sexo

“Me assumi Como homosexual em Colúmbia em 1946. A primeira pessoa com quem me abri foi Kerouac, porque estava apaixonado por ele.Jack era meu hóspede, dormia no meu quarto. Ocupava a cama, e eu dormia no chão no catre.Eu disse: Você sabe,Jack, eu o amo e gostaria de dormir com você; é que eu gosto mesmo de homens. E ele disse:Oooooh, não…
Áquele tempo,Kerouac era muito atraente,e belo,e doce – doce no sentido de infinitamente tolerante, como Shakespeare,ou Tólstoi,ou Dostoiévski, infinitamente compreensivo. Então,sentí que poderia falar com ele. Ele não me atacaria. Ele não me rejeitaria, ele aceitaria minha alma com todo o seu latejar, sua doçura e seus pesares, com as angústias profundas e tristezas e sofrimentos, as alegrias e os júbilos, e a aceitação insana de mortalidade. O fato é que meses depois acabamos dormindo juntos, umas duas vezes. Foi uma coisa calma, tranquila.”(Allen Ginsberg, em entrevista a Allan Young, do jornal Gay Sunshine)

Revolução

“Eu estava sossegado no meu quarto de hotel, uma bela manhã, já no fim de minha visita a Cuba, quando três soldados, uniforme verde-oliva e mudos como postes, entraram no quarto com um oficial. Ele se apresentou como chefe da Imigração. Disse que eu tinha que fazer as malas e que seria deportado, pelo primeiro avião, para Praga. Perguntei-lhe se comunicara isso à Casa de las Américas. Disse que não, que haveria tempo para iss, mais tarde. Não me deixaram telefonar para a Casa, que me convidara, e levaram-me escada abaixo. Conduziram-me diretamente ao aeroporto. Em caminho, perguntei por que me deportavam. O oficial disse:” Por infração às leis cubanas.”.E eu disse: “‘Que leis?”.E ele respondeu: “Faça tal pergunta a si mesmo.”.E essa resposta, pensei, era como a resposta que me dera o decano da Universidade de Colúmbia quando me expulsou por ter dormido com Jack Kerouac no meu quarto uma noite. E não tínhamos feito amor nenhum. Simplesmente Kerouac não tinha onde passar a noite .
Não fui correndo queixar-me ao Time magazine que fora injustamente chutado de Cuba. Deixei-os na dúvida. a pensar, talvez, que eu era um simples peão. Vítima da luta entre os grupos liberais e os burocrático-militares. Entendi também que quanto mais pressões os Estados Unidos fizerem sobre Cuba, mais aumentará o poder da linha dura, da burocracia policial e dos homens do partido. A solução é aliviar a pressão e sustar o bloqueio ao invés de responsabilizar sempre a revolução cubana, Castro ou o marxismo – embora eu continue pensando que Castro está sendo muito inábil na questão do homossexualismo e que sua política com relação à maconha é atrasada e pouco científica. Ele tem demonstrado macheza excessiva e falta de sensibilidade. (Allen Ginsberg, em entrevista a Allan Young do jornal Gay Sunshine)


De Alma Beat
L&PM editores. 1984

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