Cozido
e não assado
Muita
gente falou do incêndio da cadopô*, mas quase ninguém
sabe ao certo o que aconteceu.
A
Mirinha que estava no portugues tomando uma vitamina ouviu as
sirenes e perguntou curiosa:
" Que que estais a acontecer aí ô meu."
O seu Mane respondeu:
" Não é a nada não, é só a sua casa que está pegando fogo."
A Mônica gata destas de desencaminhar qualquer cristão ligou para
a cadopô na hora e falou com o Bento. Ele dizia:
-O fogo ainda não chegou no quinto, pode sussussussegar.
O Bento, sujeito estrambelhado desligou o telefone e começou a
quebrar umas pílulas, fazia um pózinho e depois dava para as crianças
na rua. E o fogo desenvolvendo-se.
Todo mundo ou viu ou ouviu falar do incêndio. Mas sabem como começou
o fogo. É o seguinte: No apartamento das bichas tinha um forninho
elétrico e uma delas deixou uma panela no fogo e foi atender o
telefone. O lance é que estas bichas adoravam ficar no telefone,
e numa destas estava feita toda pirofagia.
Original
mesmo foi o Taturana que se jogou dentro da caixa d'água e disse:
-Eu vou morrer mas vou morrer cozido e não assado.
Um intruso muito estranho
Altas horas da madrugada, a garoa estreita batia firme quando
aquele maluco surgiu no meu destino. É foda quando se é pego pelo
simples detalhe.
Estava no ronco, quebrado ia levantar às cinco para dar
aulas. E bateram lá na porta. Abri.
-É você que é da comissão?
-Sou porquê?
-É que tem cara aí querendo falar om você.
Vestí a roupa, puta que pariu, eram três horas. Achei
o cara lá no saguão, ele perguntou:
-E você que cuida das vagas?
-Sim senhor.
-Então é o seguinte:
Puta que pariu eu tinha que estar ali, o cara era um mala que
estava na pior e queria ficar ali guardado, enquanto baixava a
poeira. Que merda, eu tinha que ser representante, ele queria
de qualquer jeito mesmo depois e eu tentar explicar que era só
para estudantes, e afirmou depois:
-Se não eu meto bala.
E vai desconfiar de um barbado queixo largo, tipo que tá pedido
pela polícia
-Eu sou assim, disse não pra mim, eu meto bala.
E
tem horas que a gente fica esperto.
Tinha um cara o quinto andar. Ouve esta história: Um dia a gente
estava preparando um rango quando este cara chegou, se ligou no
movimento de cozinha e disse que tinha uma contribuição. Puta
que pariu, o cara trouxe um bolo de carne cheio de bichinho isse
que era só tirar o podre. O cara ainda achou ruim quando demos
um chega pra lá nele.
-Vocês são todos buergueses.
E
o malandro já contava seu ultimo homicídio:
-É que eu enfiei o pau no cu da bicha, ela não morreu aí eu cortei
toda ela. Eu sou assim disse não... -Tem um lugar para você
aqui sim, certo.
-Vamos subir.
Chegando no quinto andar um cheiro ruim cortou o ar o malandro
se curvou.
-É esse banheiro que ninguém lava, eu disse.
E
fomos chegando perto do quarto. Bati na porta. Ninguém respondeu,
então foi só dar uma empurradinha que...
A porta abriu e um ar e putrefato cegou nossas narinas, era um
fedor desgraçado. Vi ums saquinhos de supermercado com comida
dentro. O ladrão falou assim:
-Vou falar a verdade, eu tô fudido, mal pago, pobre coitado, mas
eu prefiro o xilindró que esta choça.
E saiu gatinho.
*cadopô
- corruptela para Casa do Politécnico, antiga casa de estudantes
da Universidade de São Paulo, localizada no centro da cidade.
(N. do ed.)
contato:wellington@paginasub.cjb.net

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