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Jack Daniels

Deprimido Jack (parte 1)

Saí do Rio às duas da madrugada e tomei um ônibus junto com uns cretinos infelizes todos com cara de putos da vida. O ônibus estava meio vazio e por isso não sei porque diabo aquela SENHORITA resolveu sentar do meu lado. Ela até que era um bocado bonita com pernas bem torneadas e tudo e fez um puta estardalhaço para colocar a mala no bagageiro. A mala parecia um pouco pesada. Garotas sempre fazem um estardalhaço para colocar as malas onde quer que seja! Eu me diverti um bocado observando os peitos dela que balançavam para cima e para baixo, enquanto ela tentava colocar a tal mala na porcaria do bagageiro bem sobre a minha cabeça. E os peitos dela eram bonitos. É mesmo. Quer dizer, tinham cara de bonitos, porque ela vestia uma blusa de lã e eu não podia ver lá essas coisas. Sinceramente, eu não entendia o que é que uma mulher daquelas estava fazendo àquela hora, numa droga de ônibus com um bando de cretinos infelizes. NA VERDADE, NEM QUERO SABER E MESMO SE SOUBESSE NEM ESTARIA A FIM DE EXPLICAR COISA NENHUMA. Ela estava demorando um bocado para arrumar a droga da maldita mala no bagageiro bem sobre a droga da minha cabeça e me ofereci para ajudá-la, com toda a sinceridade mesmo, e ela disse obrigada e tudo e que estava tudo bem e tal, que não era mais preciso e tal e então ela finalmente se sentou do meu lado. Tirou um livro da bolsa, um livrinho de capa vermelha, acho que era um tal de "um copo de cólera " ou coisa parecida, e começou a ler. Eu sabia que essa estória de ler não ia durar muito porque a droga da luz da porcaria do ônibus era muito fraca e então ela deixou o tal livro no colo e começou a procurar por alguma coisa na bolsa. Garotas são esquisitas! Estão sempre procurando por alguma coisa na bolsa. Ela tirou um pacotinho de chicletes e me ofereceu um que eu recusei gentilmente. Eu não gosto de mascar essas drogas de chicletes que nem uma besta quadrada e então eu recusei gentilmente. Eu disse obrigado e tudo e fiquei na minha e virei para lá. Então e o folgado do motorista do ônibus resolveu dar a partida e fiquei muito feliz com isso. Muito feliz mesmo. Eu não via a hora de entrar na Dutra e me afastar daquela droga de cidade. Esse papo de Rio de janeiro - cidade maravilhosa para mim não passava de conversa fiada para boi dormir e eu tava cheio mesmo. No duro. Toda essa coisa de morros, praias, calçadão e tal, ia ficar na memória, e aqueles turistas idiotas e aquele monte de veadagem. No duro mesmo, eu queria que todos aqueles playboys cretinos e suas namoradas idiotas fossem coçar saco de pulga. Fechei os olhos e tentei tirar um cochilo mas era impossível porque a chata da garota sentada ao meu lado estava mastigando a droga de chiclete no meu ouvido e isso me deixava maluco. Não gosto quando FICAM MASCANDO CHICLETE NO MEU OUVIDO E ALGUMAS GAROTAS TEM CÉREBRO DE MINHOCA E FICAM MASCANDO ESSAS DROGAS DE CHICLETE NA PORCARIA DO MEU OUVIDO. Ah Garotas!

Olhei pela janela e o brilho das luzes da tal cidade maravilhosa refletidas em alguns pontos do mar me deixava tonto. Eu gostava do Rio antes de resolver ir morar lá. Passava no máximo uma semana e me divertia bastante com as garotas, vagabundas e tudo e com os camaradas da vila Isabel, Lapa e tudo e eu voltava para Sampa mais bacana, mais gostoso e tal , mas aí eu cometí a besteira de me mudar para lá e fui me meter naquele droga de Universidade e fui arrumar aquela porcaria de emprego sacana e por causa disso arrumei um bocado de problemas.

Bem, o tal ônibus trafegava como uma tartaruga e isso me deixava irritado. Tudo bem que a noite não estava lá essas coisas e era preciso trafegar com cuidado, principalmente porque o meu rabo vale no mínimo dois milhões de doletas. Dei umas tossidas insistentes para a dona do meu lado, num sinal claro de que eu estava me incomodando com essa estória dela estar mascando chiclete na porcaria do meu ouvido, mas nada parece ter passado pela cabeça dela. Então tirei um maço de cigarro do bolso do meu casaco e me preparei para acender um, e é claro, antes tive a gentileza de oferecer um à minha companheira de viagem. Ela disse que não fumava e tal e que realmente não sabia se os outros passageiros achariam uma boa idéia alguém fumando no ônibus. "Bem, sabe, eu estou tentando dormir e não consigo e acho que ninguém vai reclamar", eu disse e acendi a porcaria do cigarro. Dei uma baforada em direção a minha amiga senhorita e soltei um "oh me desculpe" e ela disse:
- Sabe, eu já fui fumante e não sou daquelas que ficam pegando no pé de quem ainda fuma - e então estourou uma bola do maldito chiclete. Ninguém reclamou. Alguns passageiros resmungaram, mas ninguém reclamou. Só o motorista que gritou lá da frente: "ALGUÉM ESTÁ FUMANDO AÍ?" E eu: - Já estou apagando - que nada! Eu ia fumar aquele bagulho inteiro e ninguém iria me deter. Abri uma fresta da janela e um vento frio invadiu minhas narinas, estourou na minha cara e fez a brasa do maldito cigarro pipocar como mecha de lenha. Droga, não dá nem para fumar um cigarrinho. Joguei a droga do cigarro estourado pela janela e olhei para as pernas da minha senhorita companheira de viagem. Realmente não era uma peça de se jogar fora. Com o ônibus meio vazio bem que poderíamos tirar uma casquinha. Certamente ela nunca trepou em um ônibus em plena viagem.

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