Nasceu
na cidade de São Paulo, Brasil, filho de uma família
de classe média falida, de maneira que se empregou muito
cedo. Formou-se Bacharel em História pela USP (Universidade
de Sào Paulo) em 1998 e licenciou-se em 2000. Aos 30 anos
Marcello Lagonegro, com seu livro Espasmos, lança-se
na nada fácil carreira de escritor, no desolador cenário
que as letras brasileiras reservam aos "ilustres escritores
desconhecdos"
Onírico
Quando
aquela luz estelar
ofuscou nosso sono.
sonhava
Já não possuía olhos.
nem,tampouco.
a visão.
que me permitisse sonhar
aquela luz.
Estrela
que ofusca
meus sonhos.
ó venhas alumiar,
com tua luz, minha torpe visão.
Ó
visão
que me faz
ver as coisas
com olhos de quem
não sonha mais.
Quereis
me alumiar,
ao ponto
de te ver
de olhos abertos,teus sonhos?
Ou quereis
que sonhe
teus olhos abertos,
dormindo?
Quem
será aquele homem?
Quem
será aquele homem
a quem a vida lhe
fez adulto
ainda criança?
Quem
será aquele homem
a quem a vida o
deformou sem sequer
lhe conformar?
Quem
será aquele homem
a quem a vida lhe
consumiu em plena
juventude?
Quem
será aquele home
a quem a vida
ensandece sem, contudo
torná-lo lúcido?
Quem
será aquele homem
a quem a vida esfomeia
sem a fome
saciar-lhe?
Quem
será aquele homem
a quem a vida tornou
poeta sem
lhe alfabetizar?
Quem
será aquele homem
a quem a vida petrificou
sem moldá-lo
para viver?
contato: mudebrasil@starmedia.com
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Neste dia de hoje
da cólera
se fez o futuro.
O passado descansa
na rede embalada
pela discórdia.
Águia
brava que
rapina a carne, a água e
o vinho.
Desce pela garganta
ardendo pelo togo
tragado.
Espuma de sangue
flui e ferve nas
veias enrijecidas
pelo éter.
E
o pensar de um louco, varrido
que se dilacera
nas ondas amargas de
um viver ao mesmo tempo
imundo e sadio.
Espasmos
de pensamentos
jorram de minha
cabeça
turbilhonada pela
luta voraz do
dia-a-dia igual,
sempre igual.
Descansais-vos
hoje
como descansastes ontem.
Amanhã será outro
cansaço se cansando
para sempre
Para todos, os dias, as horas,
são longas e ritmadas
pelo eterno tic-tac do
relogio do tempo sem-fim.
Sem fim é marca
do sangue
que constantemente
marca a batida ritmada
do meu
peito. Coração.
Quase sai pela boca fora.
Loucuras que eu deixei para
amanhã ontem
hoje sempre.
E assim é o marulho das
ondas rebentando em pedras.
Nas encostas, as costas
ficam duras, do frio,
das milhares de gotas
que pingam e molham
não só as costas, mas todo
o corpo.
Assim são as coisas...
Na loucura do tempo que
passa-passa tento perceber
aquilo que se tornou,
imperceptíveis: as coisas.
Gosto delas. Mas não como
são. Sãs são não as coisas e
sim os loucos.
Loucura e coerência
compõem o mesmo
Diadema, de gloria e
de
sangue.Sangue
que flui nas veias
e projeta a vida.
E a vida vai, vai percorrendo
os caminhos que, no refluxo
do espaço sem tempo
despeja sobre a vida
toda a sua
confusão.
Comfusão de tempo, espaço
e vida.
Entretanto, no final,
sempre a mesma
coisa: a morte
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